terça-feira, 13 de maio de 2008

PAC do Cacau: A palavra do Produtor

Esteve nesta segunda-feira (12) nos estúdios da Santa Cruz o presidente da Associação dos Produtores de Cacau da Bahia (APC), Henrique Almeida, para esmiuçar o que realmente o PAC do Cacau traz de concreto.


Segundo o produtor, o que o presidente trouxe na última sexta-feira foi o compromisso do governo federal de trazer 2,3 bilhões de reais para a região, investindo em diversas áreas para soerguimento da cultura cacaueira.


Ele frisa que foi apenas um "compromisso", pois a Medida Provisória (MP ainda não foi editada, o que pode levar, com bastante otimismo, ainda mais de 15 dias.


Segundo o presidente da APC, o PAC não resolve, de forma geral. Estando em Brasília nos últimos vinte dias, transitou em várias esferas do governo, tentando explicar a real situação da região. O Ministro da Agricultura Reinold Stefanies entende que o cacau preceisa ter - e está tendo - um tratamento diferenciado das outras culturas, mas ainda não resolve.


Almeida mostrou a Gil Gomes e leu no ar várias planilhas que mostram a proposta real do PAC do Cacau. Para liquidar o débito, o desconto oferecido a produtores que devem até 10 mil reais é de 80% e para os que devem acima de 500 mil reais, 35% - o que corresponde a 4% da dívida total, isto é, quase nada. E para repactuação da dívida, as alíquotas caem, ficando o maior desconto em 45% e o menor em 15%.


O financiamento dos produtores está feito numa base de 28% ao ano, e segundo o produtor, "nada na agricultura rende isso, só maconha irrigada". Segundo ele, é importante que esses dados sejam divulgados, para que não se pense que o produtor de cacau é um "chorão", e que não quer pagar. Afinal de contas, a vassoura de bruxa não escolheu quem tomou empréstimo maior ou menos, atacou uniformemente.


O presidente da APC ainda disse que, apesar de não ter votado no Deputado Veloso, reconhece o grande esforço que ele tem feito, abrindo as portas de acesso ao Ministro da Agricultura. Ele diz: "eu não entendo de cacau, mas aqui estão as pessoas que podem explicar a situação", e assim, tem sido o canal que possibilitou todas as conversações entre os produtores e a equipe do governo.


Henrique Almeida disse que "não temos nada a comemorar, AINDA." Mas tem a certeza de que teremos, pois o ministro entende que essas taxas estão equivocadas, e já determinou que venha uma outra equipe para analisar e o processo vai evoluir positivamente. Ele acredita na revitalização da cultura cacaueira, basta ter dinheiro para aplicar em tecnologia. Com tecnologia se pode cuidar de cacaueiros novos e conviver com os velhos, sabendo que a vassoura de bruxa veio para ficar, o necessário é saber conviver com ela.


A APC está buscando novos caminhos para agregar valor ao cacau produzido aqui, e um deles é investir na Indicação Geográfica de Origem, da mesma maneira que acontece com os vinhos, onde o valor e a qualidade do vinho são reconhecidos pela sua orgem. A região produz o melhor cacau, que é responsável pelo melhor chocolate, mas isso não é ainda visto pelo mercado externo. Alguns produtores que têm lutado sozinhos pelo reconhecimento da qualidade do seu cacau têm conseguido triplicar o preço de venda no exterior, e isso precisa acontecer com todos.


A Cooperativa Cabruca já começou a fazer isso, mas trabalhando com cacau orgânico, conseguindo até 12 mil dólares por tonelada de cacau, enquanto o preço do cacau comum fica em 1.800 dólares por tonelada.


Certo de que o mercado está pronto e aceita cada vez mais o produto de melhor qualidade, o presidente da APC acredita que a cultura cacaueira tem tudo para ser revitalizada, com uma revisão nos valores e taxas do PAC.



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